As redes sociais
surgiram como ferramentas na rede mundial de computadores para que pessoas de
diferentes locais do planeta possam trocar informações, conhecimentos,
opiniões, ou seja, se comunicarem. Espaços como os finados MSN, Orkut e os
ativos Facebook, Twitter, Instagram, Lindekin, MySpace e Google+, entre outras,
fizeram e fazem muita gente “feliz” por aí.
Mas isso é no
tempo presente, com o desenvolvimento da tecnologia, fica a pergunta: como
serão as redes sociais no futuro? Algumas obras da literatura distópica sugerem
que os usuários se logarão de corpo e
alma num universo paralelo onde tudo é feito sob medida para cada usuário,
tomando como base para isso, as informações que ele, querendo ou não fornecerá,
para os administradores da rede. Para quem tem conhecimentos sobre informática
e o universo dos negócios sabe que isso já começou.
A nossa gleba, por
mais atrasada que seja em relação ao progresso, também tem usuários, e muitos,
na segunda vida proporcionada no espaço virtual. Quando se anda pela cidade,
dos sítios ao centro da cidade, da ralé à alta roda, é recorrente boa parte das
pessoas, do nada, sem mais nem menos, falar em facebook, ou melhor, face. Não
sei porque não se diz o nome completo, quiçá seja uma variação do profícuo
culto à preguiça.
Nos perfis
caririaçuenses tem gente de toda estofa, dos mais exibidos aos mais discretos,
dos que postam tudo: fotos, frases peigas pesquisadas no Google, mensagens do
seu Deus, posts que acreditam ser interessantes e até coisas extremamente
íntimas, para conseguir muitos “curtir”, vale tudo. Existe também os que só
observam, que estão lá, mas dificilmente são notados.
Mas não é desses
que iremos falar sucintamente aqui. O que nos chama atenção há algum tempo são os
perfis falsos no facebook. Também não vamos usar os trajes do bom mocismo e do
falso moralismo, ser a palmatória do mundo, nas palavras de um deles, para
distribuir impropérios a essas personalidades avessas do nosso torrão.
O que se destaca
nesses perfis, além do anonimato, até certo ponto meio fajuto, é a sua maneira
de ser, pensar e agir. Para quem pensa diferente dos seus preconceitos e da sua
“cabala”, eles distribuem mais vitupérios do que cédulas de 50 reais dados por
candidatos em época de eleição.
Esses perfis
existem com um único fim: dar coice nos adversários políticos ou quem ouse
contestá-los. Eis o fruto das nossas personalidades educadas para serem donas
da verdade e não para discutirem os fatos.
Além de
desmastrear a bandeira do respeito, tais perfis usam um “puxaquismo” que causa
nojo. O seu senhor é o novo Messias mandado à terra de gigantes para semear a
solicitude entre os povos, o que chama atenção é que esse Messias sempre é um empresário.
Nada contra o empresariado, eles só são filhotes quase perfeitos do capitalismo,
ou seja, acumuladores de patrimônio e ser um agente político é só mais um troféu que alimentará a sua vaidade.
O adversário é uma
espécie de Cérbero que macula e ceifa as coisas boas que o “Messias Empresário”
expele tão facilmente como suor e esterco.
Por falar nisso,
lembro-me da citação de Erasmo de Roterdã no início de seu delicioso Elogio da
Loucura (livro recomendável para todo mundo):
“...enquanto o
modestíssimo homem fica a escutá-lo, o adulador ostenta penas de pavão, levanta
a crista, modula uma voz de timbre descarado comparando aos deuses o homenzinho
de nada, apresentando-o como modelo de todas as virtudes, muito embora saiba
estar ele muito longe disso...”.
Tudo bem que
Erasmo estava noutro contexto e se referindo a outras coisas, o que não impede
de usarmos o seu axioma para ilustrarmos o nosso texto. A leitura dessa obra é
mais do que recomendável, mas pelo que se observa nas parábolas desses perfis,
através do seu assassinato a língua portuguesa e a sua gramática, eles não leem
nem placas na rua, e quiçá estejam lendo este escrito, para procurar nas
entrelinhas alguma coisa que possa ser usada contra esse escriba. Como já se
disse, quem não aplaude os seus dogmas, deve ser vilipendiado para regozijo do
seu senhor.
Facilmente é
possível perceber duas razões para a existência desses perfis falsos. A
primeira é que algum prócer político patrocine pessoas de sua confiança para agirem
do jeito que agem. Agredir textualmente seus desafetos políticos. Um verdadeiro
mecenas avessado. Enquanto um mecenas legitimo incentiva o desenvolvimento das
artes, este mecenas daqui financia a difamação, o ódio, a intolerância e o
preconceito.
A outra
possibilidade, é a boa e velha servidão voluntária. Por amor ao seu príncipe,
tais sujeitos o defendem de todas as acusações e suspeitas de má índole. Isso é
uma atribuição peculiar de seu antagonista. Seu príncipe é o Messias
reencarnado, o seu adversário político é o anjo das trevas que habita entre o
povo de Caririaçu.
Como diz Paulo
Nogueira, editor do sítio de notícias Diário do Centro do Mundo, num mundo
menos imperfeito, as lideranças políticas de nossa terra seriam os primeiros a
quererem saber quem são esses perfis, para assim extirpa-los e mitigar o ódio
entre aqueles de seu povo que comunguem de ideias diferentes.
Será que eles, os
nossos líderes políticos, pensam assim? Sim? Não? Por quê?