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domingo, 5 de agosto de 2012

O Fundador de Caririaçu

No mês de agosto comemoram-se em nossa urbe as festividades de aniversário da Serra de São Pedro. “O nosso pedaço do Brasil” como disse Ana Soares Cardoso, a Donana, letrista do nosso hino.
Nos meus tempos de ensino fundamental, ainda criança, saindo das férias de julho e chegando o mês de agosto e com ele o segundo semestre escolar, as professoras passavam para os alunos um trabalho escolar sobre nossa cidade.
Nele se pedia o nome do fundador do nosso nicho, do padre, do prefeito, dos vereadores, das praças, das igrejas, dos distritos, das principais ruas, entre outras que o HD cerebral não está conseguindo trazer para a memória RAM da mente. Não sei dizer se ainda existe essa prática.
Nisso se resumiu todo o estudo sobre a minha cidade que tive na escola. Muito pouco, quase nada. Outra coisa: além de pedirem nomes, por que não pediram fatos, contextos e as possíveis ligações entre si e por que não intimaram também para eu simplesmente escrever sobre ela? Dizer o que eu pensava sobre o meu lugar, falar das pessoas, da minha vizinhança e da própria escola, etc. Eu sei que era criança e que sairia com muitas limitações, como ainda hoje sairia, mas porque limitar ainda mais? Fora do casulo as borboletas nos proporcionam inefáveis vôos e, às vezes, é preciso que os mestres deixem os pupilos se arriscarem a andar com as próprias pernas.
Todavia, esse tal trabalho teve a sua utilidade, pois foi nele que descobri que Caririaçu foi fundado pelo icoense José Joaquim de Santana.
Mas, eis que relendo o notável mestre, Raimundo de Oliveira Borges, surgiu uma dúvida em meu pobre chip cerebral.
Conta-se que São Pedro, como é chamado por alguns, ou Caririaçu, como é aceito por todos, nasceu nos arrabaldes duma pequena casa de comércio situada numa estrada que ligava o Crato, a nossa cidade mãe e o principal município do sul do estado na época, e o norte do estado do Ceará. Isso em meados do século XIX.
Segundo relatos esse casebre pertenceu a José Joaquim de Santana.
Porém, já no século XVIII, em 1760, o homem branco havia descoberto a Serra de São Pedro. Antes disso os dados históricos conhecidos inferem que nossa cidade havia sido habitada apenas por índios.
Pois bem, em 1760 Caririaçu foi descoberto ou achado por Miguel Cavalcante Campos.
Em Serra de São Pedro, Raimundo de Oliveira Borges faz uma citação do livro Região do Cariri de Edilmar Norões, F.S. Nascimento e Dorian Sampaio sobre o surgimento do nosso torrão:

Situado sobre plataforma da serra, São Pedro do Crato, São Pedro do Cariri e, finalmente, Caririaçu teve sua provável origem numa paragem para descanso dos viajantes que por aí transitavam, não se rejeitando também a hipótese de haver se desenvolvido em torno de uma das casas grandes dos primeiros senhores rurais da terra, podendo ter sido José Joaquim de Santana, segundo a tradição, ou Miguel Cavalcante Campos conforme depoimento de Irineu Pinheiro[1].

Segundo informações do historiador Irineu Pinheiro, a extinta revista semanal cratense, O Araripe, em sua edição de 13 de fevereiro de 1864, dissertou laconicamente sobre o falecimento da Sra.Bertoleza do Espírito Santo que se encontrava com 109 anos e que pouco antes de falecer, afirmara ter sido o seu cônjuge, Porciano Pereira, o primeiro indivíduo a erigir uma casa na Serra de São Pedro.
O que vou expor aqui não tem nenhuma comprovação histórica. É fruto apenas de leituras que me permitiram fazer essas conjecturas. Portanto, pode ser apenas um devaneio de neurônios ou íons hiperativos, cuja ação é tentar desvendar um passado que nos pertence e que, além disso, explica o presente.
Diante do que foi exposto acima, considera-se tradicionalmente que foi José Joaquim de Santana o iniciador do nosso aconchegante Caririaçu.
Entretanto, em meu singelo prisma foi o fundador de nossa urbe não Santana e sim Cavalcante Campos. Talvez eu esteja divagando e essas palavras sejam uma insolência ao passado, mas vou tentar expor a minha maneira de ver esse fato.
É sabido que Miguel Cavalcante, senão foi o pioneiro em explorar a Serra de São não distava muito em relação a ele.
Segundo relatos históricos, na sua exploração dos solos férteis da serra ele cultivava algodão e mandioca, entre outros gêneros, mas estes dois eram os principais. Assim ele necessitava de uma estrada, rodagem ou vereda, tinha que ter um caminho para escoar os produtos da sua lavoura até um possível consumidor, pois aqui não os tinha. Tinham os índios, mas esses produtos, provavelmente já eram bastante utilizados por eles e a barganha se tornaria inviável ao bandeirante.
Esta estrada poderia ter ido naturalmente para a cidade do Crato ou para o sentido contrário, Lavras da Mangabeira, dando inicio ao que hoje se chama rodovia Padre Cícero. Aos ir para os dois destinos concomitantemente.
Assim pode se ter iniciado a fundação de Caririaçu e não a sua povoação, pois povoada ela já era, ou iremos sonegar os índios?
Com esse possível caminho, José Joaquim de Santana pode ter percebido nisso um negócio vantajoso: abrir um pequeno comércio na cabeceira da serra aproveitando-se do clima e da abundância de água[2] e assim oferecer parcos serviços aos viajantes que por aqui transitavam. Destarte ele mudou-se com a sua família para São Pedro e em torno de sua residência e do seu comércio foram erigindo-se construções e pouco a pouco converter-se em vila e depois na cidade que conhecemos hoje. Diante disso, do meu jeito deformado de perceber os fatos só existiu o comerciante José Joaquim de Santana em Caririaçu porque antes existiu o bandeirante Miguel Cavalcante Campos.
Enquanto a Porciano Pereira ter sido o primeiro a unir tijolos com barro em nossa cidade, existem duas possibilidades óbvias: ou era um bandeirante abastado assim como Cavalcante Campos e foi degustado pelo ostracismo, ou era um pobre e foi caseiro de Miguel Cavalcante Campos sendo o responsável pela vigilância e manutenção do seu latifúndio.

PS: Vale ressaltar mais vez que isso não tem nenhuma comprovação histórica, é apenas o meu modo de interpretar e unir informações coletadas e talvez apareça alguém que munido de documentos derrube a minha teoria. Longe dessa minha tese ser cientifica, mas Karl Popper disse que uma teoria só é cientifica se for racionalmente refutável. Sendo assim que a refutem com argumentos melhores que os meus.



[1] BORGES, Raimundo de Oliveira. Serra de São Pedro Município de Caririaçu (Esboço Histórico). Tipografia e Papelaria do Cariri, Crato 1983. p.30.
[2] Nessa época, na Serra de São Pedro a água brotava naturalmente devido a vasta vegetação virgem que ela ostentava.

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